O poder das redes sociais, por Henrique Tibúrcio

21/07/2014 Artigo, Notícias
Confira o artigo do presidente da OAB-GO, Henrique Tibúrcio, publicado na edição do último sábado (19) do jornal O Popular.
O poder e alcance das redes sociais prometem movimentar a corrida eleitoral deste ano. O grande uso das mídias digitais pelos eleitores deve ser um componente importante e problemático. As redes sociais são relevantes fontes de informação, interatividade, permite o amplo debate de ideias e de projetos, além da exposição irrestrita de opiniões. A democratização da informação é inquestionável.
No entanto, apesar dos grandes avanços conquistados com a definição de regras, direitos e deveres do ambiente virtual por meio do Marco Civil da Internet, a preocupação com o nível do debate online é latente.
Qualquer manifestação de opinião ou suposto post informativo publicados na rede com intenções eleitoreiras podem obter alcance inimaginável e repercussão imensurável, destruindo reputações, manchando carreiras e até mesmo causando graves estragos nas campanhas.
Já tivemos exemplos das consequências trágicas que um vídeo ou nota viralizados podem provocar. A dona de casa do Guarujá que, ao ser confundida com uma criminosa, foi linchada, por exemplo, é um triste episódio que começou com uma informação equivocada divulgada pela internet.
O cidadão tem que estar ciente de sua responsabilidade ao postar ou replicar qualquer tipo de informação nas redes sociais. Curtir ou compartilhar um conteúdo está a um simples clique, mas é preciso refletir sobre as suas consequências.
Infelizmente, a internet ainda é vista por alguns usuários como uma "terra sem lei", onde a barreira do monitor encoraja as pessoas a postarem informações mentirosas e ofensivas sem o cuidado de checar a veracidade, ou por má fé mesmo. Esse comportamento também é extremamente alarmante em tempos eleitorais.
A corrida pelo poder já usa artifícios muitas vezes escusos de fofocas pessoais a acusações levianas. No entanto, com o amplo acesso à internet pela população e o grande uso das redes sociais, o poder de destruição aumentou. As redes de contatos permitem que o jogo político seja ainda mais ácido, dependendo das estratégias e intenções dos candidatos e partidos.
As notícias de que estão sendo contratadas equipes especializadas em direito e tecnologia da informação para monitorar a internet durante as campanhas estão a todo vapor. Os candidatos tentam se blindar, monitorando as redes sociais. Mais uma prova da relevância do mundo online, nenhum candidato está disposto a negligencia-lo.
A disputa promete ser intensa nas urnas e na internet. É preciso ter sempre em mente que o candidato pode ser punido por não cumprir a legislação eleitoral, mas também o cidadão pode ser responsabilizado civil e criminalmente pelo conteúdo que produz nas redes sociais.
A fiscalização e investigação podem até encontrar obstáculos, mas tem crescido o número de questões digitais levadas ao Judiciário. Eleições limpas em qualquer ambiente, real ou virtual, deve ser um pré-requisito por todos os que prezam pela democracia.
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