Bela, recatada e do lar: predicados imputados à esposa do atual vice-presidente da República, Michel Temer, e que geraram avalanche de memes na web, suscitando discussões sobre um suposto perfil da mulher ideal. Nos tempos atuais, sugere-se a readequação dos três adjetivos de forma a traçar perfil mais condizente ao da mulher contemporânea.
O adjetivo “bela” extrapola os conceitos de capas de revista ou os padrões de beleza pré moldados por filmes e novelas. Toda pessoa que sente-se inclusa na definição de mulher é bela por nascença e se torna ainda mais deslumbrante porque é forjada nas batalhas da vida, nas dificuldades superadas, na criação dos filhos e na sustentação da família.
Quando ecoou nas redes sociais numerosos comentários sobre a inquestionável beleza da deputada federal Sheridan Esterfany, ofuscadas foram as lutas dela como mãe de duas filhas menores, divorciada e em exercício de carreira política. Mais que bela, Sheridan representa mulheres que se posicionam vitoriosamente perante os desafios diários.
É mais plausível trocar o termo recatada por poderosa. A mulher contemporânea, apesar do muito que ainda precisa ser superado e conquistado, está com a estima elevadíssima e, valente, torna-se também comprometida com a transformação do preconceito em forma de capacitação para ascensão ao poder.
Seja nas reuniões dos filhos nas escolas, nas associações de bairro, na economia doméstica, nas multinacionais, na política ou no Judiciário, a mulher empodera-se de forma válida e crescente, inclusive motivando outras a fazerem o mesmo.
Serve como um bom exemplo o que acontece recentemente na Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Goias, que gerida por um presidente jovem, Lúcio Flávio Paiva, democrático e competente, traz também consigo a qualidade de ser sensível e adepto da causa feminina.
Na sua gestão, verifica-se quantidade inovadora e expressiva de mulheres ocupando cargos de direção, seja no cenário estadual ou federal. Das já nomeadas 43 comissões da OAB-GO, ocupadas por advogados que estudam e trabalham nas mais diversas áreas do Direito, 30 delas são dirigidas por mulheres, sendo que cinco são comandadas exclusivamente por mulheres.
As mulheres advogadas traduzem uma realidade de empoderamento feminino, pois são conscientes de que suas decisões são norteadoras para a consecução de uma realidade social mais igualitária e respeitosa, e, portanto, mais promissora.
Considerando o lar, como local de afeto e respeito, a mulher contemporânea é, sim, do lar, mas igualmente de onde ela quiser e melhor se identificar ser oriunda. Pois tem autonomia conquistada suficiente para assim escolher. Mais que do lar e de onde mais essa mulher quiser ser, a mulher é das famílias.
A mulher que está no bar, no Congresso, na feira, na fazenda, nos tribunais, na cozinha, é sobretudo, uma mulher das famílias mono, hetero e homoparental que ela mesma originou, porque assim o quis.
A construção que ora faço como presidente da Comissão dos Direitos da Criança e do Adolescente da OABGO, como serviços de filantropia, garantindo voz aos adolescentes internos, suas famílias, e dedicar esforços no intuito de minimizar os prejuízos suportados por crianças e adolescentes vítimas de violência, e mais uma forma de, como mulher, lutar por proteger e defender eficazmente os direitos constitucionais assegurados a crianças e adolescentes.
Mulheres, poderosas e das famílias são em suma, resilientes: transformam adversidades em habilidades, indiferença em proatividade e modificam um mundo de beleza numa realidade social mais humanizada, progressista a palpável.
Bárbara Cruvinel é conselheira seccional da OAB-GO