A programação do I Congresso da Advocacia no Interior Goiano seguiu na manhã desta sexta-feira (5 de setembro), em Caiapônia, com uma série de debates que colocaram o protagonismo da advocacia interiorana no centro da discussão. O painel de abertura do turno, intitulado “A Voz do Interior”, reuniu advogados e advogadas que conhecem de perto os desafios de atuar fora dos grandes centros urbanos. Na sequência, temas como inteligência artificial, presença digital e empreendedorismo jurídico movimentaram os painéis seguintes, oferecendo uma visão prática e atualizada sobre a transformação da advocacia. O evento segue até o fim da tarde.
No primeiro painel, participaram a secretária-geral da OAB-GO, Talita Hayasaki, a secretária-geral adjunta, Thaís Sena de Castro, e o presidente da Caixa de Assistência dos Advogados de Goiás (Casag), Eduardo Cardoso Júnior. Em falas complementares, os três ressaltaram a importância de reconhecer e fortalecer a advocacia exercida no interior do estado, uma atuação que, apesar de enfrentar limitações estruturais, mantém alto nível técnico e profundo compromisso com a sociedade.
A condução da mesa ficou a cargo de Kathynne Ferri, com mediação da presidente da OAB Iporá, Vanessa Costa, e do presidente da OAB Piranhas, Hytalo Claudino. Participaram como debatedores os conselheiros seccionais Marion Cristina e Antônio Carlos Barbosa, ambos com trajetória marcada pela atuação institucional em prol da advocacia goiana.
A voz da advocacia do interior
A secretária-geral adjunta da OAB-GO, Thaís Sena de Castro, destacou o papel da tecnologia na democratização do exercício da advocacia e no rompimento das barreiras geográficas que historicamente separavam profissionais do interior e da capital. Para ela, a atuação jurídica hoje está mais nivelada, e o que diferencia os profissionais não é o local de trabalho, mas a qualificação individual. “A tecnologia nos colocou em condição de igualdade. Em qualquer lugar que estivermos, podemos atuar com a mesma qualidade. O que muda é o preparo, o estudo, a dedicação de cada um”, afirmou.
O presidente da Casag, Eduardo Cardoso Júnior, reforçou o papel da tecnologia na aceleração de processos e no fortalecimento da advocacia em todas as regiões do estado. Segundo ele, a atuação da Casag tem sido fundamental para atender às necessidades específicas das subseções do interior, ampliando o acesso à estrutura, formação e inovação. “Vivemos uma nova era, impulsionada pela tecnologia, e tudo tem avançado de forma muito mais rápida. Como gestores da Ordem, tivemos a oportunidade de conhecer de perto a realidade de cada cidade, especialmente no interior. Isso nos capacita a agir com mais eficiência e atender onde há mais necessidade”, afirmou. “A Casag está presente onde o advogado precisa, seja com estrutura física, cursos, convênios, saúde ou inovação. Nosso objetivo é garantir que nenhum colega fique para trás, independentemente da cidade onde atua”, completou.
Por sua vez, a secretária-geral da OAB-GO, Talita Hayasaki, emocionou o público ao compartilhar sua trajetória como mulher, advogada do interior e integrante da diretoria da Seccional goiana. Natural de Goiatuba, Talita destacou que sua presença na alta gestão da Ordem representa uma conquista pessoal, mas principalmente um símbolo de pertencimento para toda a advocacia do interior. “A voz do interior também sou eu. Sou de Goiatuba, fiz toda a minha carreira no interior e, com quase 25 anos de advocacia, hoje estou aqui na diretoria da OAB Goiás. Chegar até aqui custou muito: enfrentei o processo físico, os obstáculos da advocacia fora da capital e as dificuldades que muitos de vocês conhecem bem”, afirmou. “A advocacia não está saturada. Ela é difícil, exige esforço, estudo e coragem, mas ainda é um espaço possível. E eu me coloco à disposição de todos vocês para seguir lutando por uma advocacia mais inclusiva, forte e representativa”, concluiu.
Transformação digital: IA, posicionamento e o novo perfil da advocacia
O painel seguinte abordou os impactos da tecnologia na prática jurídica, com destaque para a inteligência artificial e a presença estratégica no ambiente digital. A mesa foi presidida pela presidente da OAB Jaraguá, Edilma Gontijo, com os debatedores Eduardo Guimarães, juiz em Caiapônia, e Flávia Torres e Edith Costa Machado, ambas conselheiras seccionais.
A diretora de comunicação e secretária-geral da Casag, Chrissia Bandim, destacou que o posicionamento estratégico do advogado vai muito além da atuação nas redes sociais. Para ela, a construção de autoridade passa pela forma como o profissional se apresenta em todos os espaços, digitais e presenciais. “Sua presença enquanto advogado precisa ser clara e intencional o tempo todo, da hora em que acorda até a hora em que dorme. Isso fortalece sua imagem, gera confiança e atrai recomendações”, afirmou. Chrissia ressaltou que, em um mercado competitivo, não basta dominar o conteúdo jurídico; é preciso também saber comunicar valores, demonstrar coerência e construir uma reputação sólida e autêntica, dentro e fora do ambiente online.
Durante sua palestra, Vera Lúcia Elias, gestora de projetos do SEBRAE, destacou a importância de aliar tecnologia, inteligência artificial e mentalidade empreendedora para transformar a atuação na advocacia. A advogada falou sobre a necessidade de fortalecer o relacionamento com o cliente e preparar os profissionais para o futuro, mencionando iniciativas como a Incubadora de Novos Escritórios. “Gerar legado é deixar o melhor de você nas pessoas, e não para as pessoas. E, para isso, é preciso estar preparado”, afirmou.
Os debatedores aprofundaram os temas abordados nas palestras, trazendo reflexões e experiências da rotina jurídica, especialmente no contexto do interior. Com diferentes olhares e vivências, reforçaram a necessidade de adaptação da advocacia às novas demandas do mercado, sem perder de vista a essência da profissão: o compromisso com a ética, o conhecimento e a escuta do outro.
Empreender na advocacia: tecnologia como aliada da produtividade
Encerrando o turno da manhã, o Painel 5 voltou o olhar para o empreendedorismo jurídico e a automatização de rotinas nos escritórios. Sob a presidência de Maria Aparecida Oliveira Martins, o painel teve como debatedores Marcella Fernandes Martins e Alessandro Gil. As palestrantes foram Tainá Miranda Rocha e Andressa Rodrigues.
Tainá Miranda Rocha destacou a importância de compreender o que está por trás da inteligência artificial e por que a advocacia demanda soluções especializadas. Segundo ela, automatizar fluxos com IA exige mais do que ferramentas disponíveis, exige conhecimento técnico e estratégia. “Ter mais ferramentas não significa ser mais produtivo. É preciso estudo, capacitação e consciência sobre como aplicá-las na prática jurídica”, afirmou.
Na mesma linha, Andressa Rodrigues destacou que a transformação digital na advocacia vai muito além do uso de ferramentas tecnológicas, trata-se, acima de tudo, de estratégia. Para ela, a inteligência artificial não deve ser encarada como um fim, mas como uma extensão do conhecimento jurídico. “Estamos em um momento de transição, que exige uma nova mentalidade. O advogado precisa entender de números, dados, negociação, otimização de tempo e análise de metas”, afirmou. Andressa alertou ainda que muitos profissionais utilizam a IA sem um plano claro, o que pode comprometer os resultados. “Adaptar-se às mudanças é essencial, mas mais importante ainda é saber como usar essas mudanças a favor da sua atuação”, disse.
Programação
A programação do I Congresso da Advocacia no Interior Goiano segue até o fim da tarde desta sexta-feira (5), com discussões voltadas à agilidade e produtividade no Projudi, além de painéis sobre gestão de escritórios, inovação e empreendedorismo jurídico.