Justiça: Conciliar é necessário

08/12/2006 Antiga, Notícias

 


Mais eficazes e econômicos, acordos se tornam mais comuns


 


Matéria publicada na edição desta sexta-feira, 8, do jornal Diário da Manhã:


 


Hoje comemora-se o Dia da Justiça. Mas o que deveria ser um feriado judicial, na verdade será um dos momentos de trabalho mais intenso no Poder Judiciário brasileiro. O Dia Nacional da Conciliação vai mobilizar os tribunais de todo o País, chamando a atenção para essa nova modalidade de resolução de conflitos: os acordos. Mais eficaz, mais econômica e menos traumática, a conciliação, que aos poucos vai substituindo os demorados processos que se arrastam feito tartarugas nos corredores da Justiça, pretende ser a ponta de lança de uma nova cultura de pacificação social. O movimento é feito pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).


A juíza Mariella Nogueira, da 9ª Vara Cível de Campinas (SP), aponta para a existência de uma “cultura litigiosa” no direito brasileiro. Segundo a juíza, que é uma das coordenadoras nacionais do movimento “Conciliar é legal”, as faculdades estimulam nos futuros profissionais o conflito, os recursos, os processos. “Nos países desenvolvidos, ocorre o contrário: há uma tendência em priorizar a conciliação.” A juíza acrescenta que o objetivo da mobilização nacional, que começou em 23 de agosto deste ano, é estimular a prática do acordo e do diálogo.


Economia – Mariella lembra que cada processo custa em média para a Justiça, R$ 1,2 mil. “O custo-benefício acaba sendo prejudicial à sociedade”, entende Mariella, acrescentando que, num acordo, a solução é imediata – ao contrário dos oito anos que se leva normalmente para se concluir um processo –, não há resistência entre as partes, não há burocracia nem despesas para o governo. Além da economia, o sucesso da conciliação é incontestável. “Nas varas de família, que decidem temas como pensão, guarda de filhos, visitas e separações, o índice de acordos é muito próximo de 100%”, exemplifica Mariella. Ela lembra que, à medida que o processo vai se desenrolando, o desgaste aumenta, o que torna mais difícil a resolução do conflito.


Para o CNJ, um acordo tem o mesmo valor de uma sentença judicial. E o que se quer valorizar com o movimento de conciliação é o acordo, e não a sentença. A campanha, deflagrada oficialmente em agosto deste ano, inclui, além do mutirão de amanhã, várias outras atividades, como o treinamento e capacitação de multiplicadores para atuarem nos Estados – juízes e servidores do Judiciário – o estímulo à criação de bancas de conciliação em todas as esferas judiciais e intensa divulgação na mídia para alertar sobre vantagens do acordo em detrimento do processo.


Em Goiás, 20 cortes de conciliação vão se mobilizar para o mutirão – 11 da Capital e nove do interior. Em Goiânia, serão nove varas de família e nove cíveis engajadas no processo. Ao todo, 26 comarcas estaduais participarão do movimento. “Esperamos atender, só na Capital, 1,5 processos”, conta a juíza Doraci Lamar Rosa da Silva Andrade, coordenadora da mobilização no Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO). Ela lembra que atendimentos serão feitos de 9 às 17 horas.


A juíza Doraci Lamar reforça a tese de que a finalidade principal do Poder Judiciário é a pacificação social. “Entendemos que a melhor forma de solucionar conflitos é por meio do acordo entre as partes. Traz menos traumas, é mais tranqüilo, mais rápido e mais eficaz”, justifica. Em 17 anos de magistrado, Doraci percebeu que as composições amigáveis trazem mais satisfação para as partes do que uma sentença, mesmo que ela seja favorável.


Sucesso – Goiás conta com cortes de conciliação e arbitragem. Só em Goiânia são 11. As partes tentam uma conciliação e, não havendo acordo, é nomeado um árbitro para decidir a questão, ou seja, essa demanda não precisava chegar ao Judiciário. O índice de conciliação nas cortes é grande. Na justiça móvel de trânsito, esse índice chega a 90% (Rinaldo Costa – editoria de Cidades).


 

PHP Code Snippets Powered By : XYZScripts.com
×