No último dia 6, o presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região (TRT-18), desembargador Mário Sérgio Bottazzo, participou da abertura do curso Advogando na Justiça do Trabalho, realizado na Escola Superior de Advocacia (ESA) em parceria com o Instituto Goiano de Direito do Trabalho (IGT). Paulista de Araçatuba, ingressou na magistratura em 1991 quando foi aprovado no concurso para juiz substituto do TRT da 10ª Região. Foi titular da Vara do Trabalho de Rio Verde, de Anápolis e de Goiânia quando, em seguida, chegou ao cargo de desembargador. Ao Portal da OAB-GO, Bottazzo falou sobre advocacia, magistratura e CNJ. Confira:
Como o senhor avalia este tipo de evento voltado para a capacitação do advogado?
A capacitação, por si só, já justifica a conveniência dessa iniciativa. Imagine uma pessoa recém-saída de um banco escolar, ou que já saiu há algum tempo, mas que não tem trânsito, não tem ambientação. Como esse profissional vai se iniciar num determinado ramo do Direito? Que oportunidade ele terá para aprender? Ainda mais numa situação, por exemplo, de um advogado experiente que está mudando de área. Como ele vai fazer? Um presidente de tribunal, um professor ou um advogado que se apresenta como um introdutor, orientador, facilita muito. Quebra-se o gelo. Existe essa fluência, essa facilidade. Então é muito oportuno e é por isso que esses eventos sempre se repetem e vão se repetir porque sempre haverá gente nova para ser iniciada e/ou ambientada.
Como o senhor percebe a sua participação no evento?
Eu estou aqui prestando contas. Eu vim falar do meu Tribunal. Minha participação não é exatamente uma aula. Para os organizadores pode ser que eu tenha feito uma grande gentileza, mas para mim isto é uma oportunidade que eu não posso perder. Espero que minha fala tenha alguma serventia para o público e que, de alguma forma, eu tenha colaborado com o desenvolvimento profissional das pessoas que participaram do evento.
Em sua opinião, qual o papel dos magistrados e como deve ser a relação deles com a sociedade?
Os magistrados são prestadores de serviços. Eu vejo essa entrevista como oportunidade para cumprir meu dever, porque sou agente público. Minha situação pessoal, como magistrado, hoje está agravada, digamos assim, pela condição de administrador. A minha atuação não está restrita apenas à função jurisdicional porque abrange também a função administrativa. Acredito que já está bem superada aquela ideia de juiz que só fala nos autos. Isso é bem antiquado, com todo respeito. Juiz hoje em dia tem que ser político, não no sentido de fazer política, mas no sentido de prestar contas porque lida com recursos públicos. No meu caso, como presidente de um tribunal, é meu dever prestar contas e aplicar bem os recursos, sempre de acordo com a lei.
Como o senhor vê a manutenção dos poderes atribuídos ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ)?
Não era, mas sou hoje um defensor ardoroso do CNJ. O CNJ não é perfeito porque nenhuma instituição humana é perfeita, mas eu afirmo sem medo de errar: não é ruim com ele, e se ainda fosse ruim com ele, seria muito pior sem ele. O presidente (do Conselho Federal da OAB) Ophir Cavalcante publicou uma carta na qual ele diz que está pagando o preço da liberdade. Ele diz assim: "É bom que haja liberdade, mesmo que, de vez em quando, algum inocente tenha que prestar contas, como é o meu caso". Então eu digo que é bom que exista o CNJ, mesmo que algum inocente seja denunciado e tenha que se explicar. Isso não é razão para o CNJ deixar de existir ou ter diminuídos seus poderes.
Fonte: Assessoria de Comunicação Integrada da OAB-GO