O artigo Sobre a OAB, de autoria do advogado Deusimar Rolim, foi publicado na edição de hoje do Jornal Diário da Manhã:
Até porque conclui o histórico documento da lição da história deflui necessariamente que, em tais épocas de colapso do Direito, a Ordem esteve sempre em crise perante o Poder. Que o digam os militares, causa da manifestação dos mais ilustres juristas brasileiros, à época, e o governo Lula, que, não ousando tentar subjugar a OAB, imaginou um conselho federal que castrasse a liberdade de imprensa e quer porque quer ideologizar o Poder Judiciário, através da nomeação de ministros dos tribunais superiores afinados com as suas miragens ideológicas e os seus projetos de perpetuação no poder. E aí vem a pretendida reforma constitucional.
A independência e a autonomia da OAB são pressupostos fundamentais para a consecução das finalidades expressas
Criados os primeiros cursos jurídicos brasileiros em 1827 (Olinda e São Paulo) e 1825 (Rio de Janeiro), já em 1843 foi criado o Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), uma de cujas finalidades seria organizar a OAB, que acabaria surgindo, ao modelo francês, em decreto assinado por Getúlio Vargas, em 1930, tudo indicando que por descuido. De fato, o objeto do ato legislativo era alterar a organização da Corte de Apelação e agilizar os seus julgamentos, tendo o procurador-geral do Distrito Federal, André de Faria Pereira, lá introduzido o artigo mágico. Levi Carneiro, grande jurista e então presidente do IAB, nomeou uma comissão para elaborar os primeiros estatutos, que seriam votados pelo próprio Instituto, mas sujeito à aprovação do governo. Por coincidência, o mesmo Levi Carneiro viria depois a oferecer o parecer favorável à aprovação dos estatutos, como consultor-geral da República.
O primeiro Regulamento Geral da OAB surgiria em 14 de dezembro de 1931 e o Conselho Federal se instala em 6 de março de 1933, dando-se a sessão solene três dias depois. Daí em diante, a história da instituição se confunde com a do Brasil, sabido quantos solavancos sofreram a democracia e os direitos humanos desde a ditadura implantada pelo próprio Getúlio às investidas antidemocráticas do governo Lula.
Deusimar Rolim é advogado, procurador da República aposentado, foi procurador regional eleitoral, consultor jurídico do Tribunal de Contas do DF, membro do Conselho Penitenciário de Goiás ([email protected])