O artigo A responsabilidade de cada um é de autoria do presidente da OAB-GO, Miguel Ângelo Cançado, e foi publicado no jornal O Popular na edição desta segunda-feira (19).
O cidadão brasileiro enfrenta inúmeras dificuldades para manter seus compromissos sociais e tentar garantir a própria sobrevivência e de seus familiares: a alta carga de impostos, o fantasma do desemprego, as constantes altas nos valores de produtos alimentícios básicos, o difícil acesso à educação e ao sistema de saúde, só para citar alguns exemplos. Já não fosse suficiente, a crescente onda de violência e a corrupção, somadas à ausência do Estado e à impunidade, incrementam o contexto de desesperança, pois aumentam o peso sobre os ombros do trabalhador, que, descrente, não vislumbra mudanças.
É esse paradoxo cenário de apatia e desordem sociais o alvo de campanhas que contam com o total apoio da Ordem dos Advogados do Brasil. Ao levantar a bandeira do movimento Brasil Contra a Violência, a entidade provoca diversos setores sociais a ingressarem na mobilização em busca de resultados concretos.
Há tempos, a OAB levanta a necessidade de discutir novas formas de enfrentamento da violência urbana, que não é de responsabilidade exclusiva do Estado. Todos nós somos responsáveis porque todos nós queremos mudar a atual realidade. O movimento contra a violência, lançado no dia 29 de abril, é um projeto sério que pretende diagnosticar os principais problemas de cada Estado e definir as ações mais adequadas para atingir soluções práticas. A intenção não é atacar casos isolados, mesmo que sejam de grande comoção social, mas, sim, combater, efetivamente, a violência em todos os âmbitos, ou seja, qualquer tipo de desrespeito aos princípios constitucionais de cidadania.
Não menos grave, e me atrevo até a classificar como um tipo de violência social, a corrupção corrói o último fio de perspectiva positiva da sociedade. A conduta ética dos políticos deve ser cobrada, porém, o cidadão comum precisar ter consciência de sua responsabilidade na luta contra a cultura da corrupção. Seja por meio do voto consciente ou da negativa diante de um suborno, o que precisa mudar é a atitude de cada um diante de oportunidades imorais e até ilegais de obter vantagens ou resolver conflitos facilmente.
Ao mesmo tempo em que é preciso cobrar dos políticos a redução dos impostos e o uso adequado do dinheiro público, é fundamental dar o exemplo, disseminar a cultura da paz e da honestidade. A OAB, que em razão de sua histórica atuação em defesa da cidadania já se consolidou como a porta- voz da sociedade, conclama a sociedade goiana a participar das campanhas e reitera sua crença no poder da luta pelo bem comum.
19/5 – 8h30