Frustração anunciada, por Henrique Tibúrcio

16/05/2014 Artigo, Notícias

Leia o artigo do presidente da OAB-GO, Henrique Tibúrcio, publicado na edição desta sexta-feira (16) do jornal O Popular.

Levantamento realizado pela Folha de S. Paulo e divulgado no dia 13, confirmou, em números concretos, o que os brasileiros vinham acompanhando nos últimos anos, desde o anúncio da Copa no Brasil: as obras de infraestrutura e de mobilidade não ficarão prontas para o mundial.

Mesmo conscientes de que não teríamos o legado tradicionalmente deixado pelas Copas nos países-sede, os números impressionam e carimbam a incompetência dos envolvidos na realização do torneio. Segundo a Folha, a 30 dias da Copa, apenas 41% das obras e intervenções estão prontas; entre as obras de mobilidade, 10% estão concluídas.

Deixando de lado a esperada alegria dos brasileiros com a realização do mundial de futebol no País afamado pela paixão pelo esporte, havia, certamente, esperança de que o campeonato forçasse o avanço do País em áreas muito deficientes. Ampliação do transporte coletivo com linhas de metrô e VLT estendidas ou criadas nas cidades-sede; construção de estádios modernos, seguros e confortáveis; intervenções nas áreas do entorno dos estádios que trariam muitas melhorias no trânsito e acessibilidade às comunidades vizinhas; e a mais aguardada transformação, as amplas reformas nos aeroportos.

Todas essas expectativas, e são apenas alguns exemplos, ficaram nos projetos. E o pior, claro, aconteceu: orçamentos vultosos acima dos previstos inicialmente.

Sempre entusiasmado com as copas em todo o mundo, o cidadão brasileiro parece desanimado, descrente, o que pode ser constatado na ausência do "espírito verde e amarelo" nas ruas. Tal comportamento é um sinal que não pode ser continuamente ignorado por nossos políticos. Comerciantes que apostaram em produtos relacionados à Copa já amargam prejuízos.

Os anúncios de manifestações durante a Copa demonstram a disposição da sociedade em lutar pela mudança e isso não pode ser considerado campanha contra os governos, como vem sendo apregoado, nem tem cor partidária. Isso é insatisfação.

É lamentável o pouco caso dos administradores das obras e do dinheiro nelas investido. Decepcionante o legado que não teremos. Aliás, o que ficará para nossa história e já é notado por toda a comunidade internacional, independentemente do sucesso da seleção brasileira no mundial, será a incompetência, o remendo como forma de administração. Além, é claro, da má gestão dos recursos e falta de transparência.

Espero sinceramente que a evidente desorganização seja minimizada nos poucos dias que temos antes do início do campeonato e que o Brasil consiga receber bem os visitantes que virão. O entusiasmo com a grande festa que sediaremos acabará vindo, certamente. Torceremos, evidentemente, pelo Brasil, mas não é possível tapar os olhos para a realidade. Infelizmente, ela não é novidade para nós.

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