Presidente da Abedi critica critérios de avaliação do MEC

26/11/2008 Antiga, Notícias

 


O presidente da Associação Brasileira do Ensino do Direito (Abedi) e consultor ad hoc do Ministério da Educação, Daniel Torres de Cerqueira, classifica como ruim o novo sistema de avaliação de cursos do MEC, que utiliza o Índice Geral de Cursos da Instituição (IGC) como indicador de qualidade de instituições de educação superior. A opinião foi expressa durante o seminário Os Critérios de Avaliação de Cursos no Brasil, realizado pelo Fórum de Discussão sobre a Qualidade da Educação Jurídica em Goiás, nesta quarta-feira (26), na sede administrativa da OAB-GO.


A exposição foi aberta pelo vice-presidente da Seccional, Henrique Tibúrcio Peña, e teve a participação do presidente do Fórum e da Comissão de Ensino Jurídico da OAB-GO, conselheiro seccional Flávio Buonaduce Borges, do vice-presidente do Fórum e presidente da Associação das Mantenedoras de Ensino Superior de Goiás (Amesg), Jorge de Jesus Bernardo, e do presidente da Comissão de Estágio e Exame de Ordem da Seccional, Júlio César do Valle Vieira Machado.


No caso dos cursos de graduação, utiliza-se a média dos Conceitos Preliminares de Curso (CPCs) para se chegar ao IGC. O CPC, por sua vez, tem como base o Enade (40%), o IDD (30%) e as variáveis de insumo (30%), que considera corpo docente, infra estrutura e programa pedagógico, baseando-se nas informações do Censo da Educação Superior e nas respostas do questionário socioeconômico do Enade. Para Daniel Torres de Cerqueira, os quesitos do CPC não são suficientes para formar um indicador de qualidade. “O IGC é sintético demais”, afirmou ele. “E ao mesmo tempo, estabelece exigências irreais, que nenhuma faculdade no Brasil seria capaz de cumprir”, acrescentou. “Quando se exige um número X de livros na biblioteca, gera-se o efeito perverso, pois isso impede uma atualização do projeto pedagógico porque o custo disso seria muito alto”, exemplificou.


Mestre em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o palestrante acredita que o referido instrumento foi criado para esconder as dificuldades enfrentadas pelo MEC em avaliar in loco todos os cursos do País. “O MEC não tem pernas para avaliar todos os cursos do Brasil, por isso, teve que criar um mecanismo para fazer uma avaliação remota, à distância: o CPC”, afirmou. “Se a instituição não tiver um único doutor, mas conseguir fazer com que os alunos tenham um desempenho satisfatório no Enade, o curso vai ser recredenciado. Na verdade, está se estimulando que os cursos virem cursinhos preparatórios para o Enade. O problema é que isso não garante qualidade”, ponderou.


Questionado sobre o que seria necessário para se atingir a tão discutida qualidade no ensino, Daniel Torres de Cerqueira apontou três pontos com os quais as instituições de ensino devem se preocupar: formação pedagógica do corpo de docente, o que inclui psicopedagogia; visão política do ensino superior, pois é necessário ter clareza em relação à sua empregabilidade; e visão grupal, pois o trabalho deve ser realizado em equipe e não individualmente, com cada professor preocupando-se apenas com a sua aula. “Antes de resolver essas questões, não se conseguirá resolver nenhuma outra”, ressaltou.


 


26/11 – 19h

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