OAB-GO homenageia ex-presidentes com medalha Honorem Dignum

25/09/2012 Evento, Notícias

Otaviano de Miranda, Luiz Francisco Guedes de Amorim, Ismar Estulano Garcia, Marcos Afonso Borges, Felicíssimo Sena e Miguel Ângelo Cançado foram eleitos presidentes da OAB-GO. Pela excelência de seu trabalho à frente da instituição, os ex-presidentes vivos foram aclamados por unanimidade pelo Conselho Seccional para a homenagem da medalha Honorem Dignum. Na noite desta segunda-feira (24), foram ovacionados.

Com problemas de saúde, Otaviano de Miranda enviou sua filha Adriana de Miranda para representá-lo. Otaviano de Miranda, Luiz Francisco Guedes de Amorim, Marcos Afonso Borges, Felicíssimo Sena, Miguel Ângelo Cançado e Henrique Tibúrcio postaram-se lado-a-lado pela primeira vez, firmando mais um marco na história da instituição. Foram acompanhados à mesa do auditório Eli Alves Forte pelo procurador-geral do Estado, Alexandre Tocantins, pelo procurador-geral do Município de Goiânia, Reinaldo Barreto, vice-presidente da OAB-GO, Sebastião Macalé, secretário-geral, Flávio Buonaduce Borges, secretária-geral adjunta, Maria Lucila Prudente de Carvalho, e pelo diretor-tesoureiro, Enil Henrique de Souza Filho.

"Quando resolvemos instituir essa medalha, o fizemos porque há muito já se falava em homenagear essas pessoas que muito fizeram e ainda fazem pela instituição civil mais importante deste País. Os homenageados desta noite merecem a maior de nossas homenagens", afirmou Tibúrcio na primeira de três falas na solenidade.

Tibúrcio destacou a importância dos ex-presidentes para a história da OAB-GO. "Uma instituição só pode se firmar na sociedade, manter-se forte se souber honrar o seu passado, suas lutas e glórias. São 80 anos de muito trabalho, muitas conquistas alcançadas por homens e mulheres como os homenageados desta noite, que se dedicaram de forma aguerrida à instituição. Vocês inspiram os advogados e advogadas goianos."

Em seguida, Felicíssimo Sena dividiu sua homenagem com toda a advocacia goiana. "Toda essa estrutura da Ordem é mantida também pelo advogado humilde, que com alguma dificuldade paga suas anuidades. Este é o verdadeiro guerreiro desta instituição. De nada adiantaríamos estar aqui se não representássemos esses homens e mulheres que horam a advocacia", disse.

Ex-presidente por quatro mandatos, Felicíssimo Sena contou detalhes da construção da atual sede da OAB-GO. "Em 1994, eu, José Porfírio Teles, Paulo Teles, Eni Cabral chegamos a este exato local em que estamos, às 4 horas da manhã, para dar início à construção deste que hoje é o centro administrativo da OAB Goiás. Às 4 horas da tarde paramos as máquinas depois de retirar 283 caminhões de terra do local", lembrou.

Guedes de Amorim disse que a medalha representa o ponto alto de sua trajetória na advocacia. "Esta homenagem significa pra mim o momento maior da vida de um velho advogado que se dedicou a esta instituição. Eu vesti a beca durante muitos anos e, vestido nela, fiz desta casa meu templo, meu santuário, meu altar. A escolha de meu nome como um dos agraciados é um gesto de imensurável grandeza", discursou.

No encerramento de seu discurso, Guedes de Amorim destacou que o atual conselho da OAB-GO enriquece a história da instituição. "A escolha de meu nome, como um dos agraciados, é um gesto de generosidade e de grandeza com que mais uma vez me distingue a valorosa classe dos advogados, formada de profissionais altivos e independentes, magnânimos ao ponto de me ter conferido numa quadra ditosa de minha vida, a excelsa honra de ser o presidente de sua Ordem, e a quem reverencio, alma de joelho, na pessoa de seu eminente, operoso e dinâmico presidente, Dr. Henrique Tibúrcio, e de todos os membros de sua diretoria e Conselho, que têm merecidamente recebido a admiração, o respeito e os aplausos dos goianos, exemplos modelares de gestores arrojados, empreendedores, visionários.", afirmou.

Assim que encerrou seu discurso, Guedes de Amorim viu todos os presentes, à plateia e à mesa, levantarem-se para uma ovação. Em seguida, Tibúrcio realizou a entrega das medalhas aos homenageados presentes.

Os mandatos dos homenageados:

Otaviano de Miranda – 1977/1978
Luiz Francisco Guedes de Amorim – 1979/1980
Ismar Estulano Garcia – 1991/1994
Marcos Afonso Borges – 28/05/1986 a 26/07/1986
Felicíssimo Sena – 1987/1990, 14/09/96 a 31/12/97, 1998/2000 e 2001/2003
Miguel Ângelo Cançado – 2004/2006 e 2007/2009

Leia na íntegra o discurso do ex-presidente Guedes de Amorim:

Exmº Dr. Henrique Tibúrcio, que empunha com excepcional brilho o bastão de comando da nossa Ordem, em nome de quem cumprimento e saúdo a todos, com o belo pensamento de OSCAR WILDE: “Não vale a pena olhar um mapa do mundo que não inclua a utopia.”


Exmªs autoridades gradas componentes da mesa diretora dos trabalhos desta solenidade, cuja nominata me dispenso de declinar, porque já anunciadas com destaque pelo cerimonial e recebidas com aplauso e admiração de todos nós.

O tempo sempre escreve os melhores fins.

Tudo tem seu tempo.

Para mim, que não tenho o tempo todo do meu lado, que vivi um longo tempo, é quase tempo de despedida, eu que venho de longe dos tempos, sinto, mais do que sei, que vivo, neste momento, uma estação mágica de minha vida, no início dos floreios e das primeiras promessas da primavera, em que a natureza revela a sua exuberância, a renovar a força da vida.

São instantes de magia e de sortilégios.

Como se mede um pedaço grande de uma vida, como se conta uma jornada de mais de 50 anos de um velho viajor, de um caminheiro de todas as caminhadas, na sua peregrinação de profeta, na missão anunciadora do evangelho do direito e da justiça?

Pelo número de vezes que se respirou, ou pelo momentos em que se perde a respiração e o fôlego, de alegria e de felicidade, pelas vezes em que o coração parece ter parado de bater no peito por emoções incontidas?

Será pelos dias vividos? Pelas noites? Pelas horas, minutos e segundos que se avançam no relógio do tempo e desfilam pelos meus olhos cansados?

Há momentos inesquecíveis, intensos, em que em um instante apenas se pode viver toda uma vida.

Este é um deles!

Emoções e sentimentos desencontrados atropelam-me o espírito, devastando como um turbilhão minha alma.

Sinto que metade de mim é amor, mas a outra metade, não sei, talvez saudade.

Cheguei aqui, nesta Casa, na alvorada da minha vida e com o orvalho da manhã, como a saudar o dia que começa a se levantar.

A moenda do tempo girou e a roda da fortuna traçou para mim estranhos e inesperados desígnios, fazendo-me, nunca é demais repetir, caminheiro de todas as caminhadas, na minha peregrinação de fé, conduzindo-me pelas mãos para diferentes caminhos, mas sempre com a alma em fogo e com o mesmo fervor que animava os antigos profetas.

Andar por andar, andei, e na jornada longa e estafante, eu, que venho dos reinos encantados da cidade de Goiás, do sopé da montanha, dos contrafortes da Serra Dourada, em que a subida se faz com maior esforço e sacrifício, jamais desfaleci, abati-me ou desanimei à beira do caminho e por onde passei, andarilho da fé, acendi velas votivas no culto ao Direito e à Justiça.

Esta cerimônia de condecoração e conferimento da comenda e medalha “OAB – Honorem Dignum”, em sua 1ª edição, nesta homenagem aos advogados que se tornaram, pelo seu exemplo e atuação, dignos de honra, representa, para mim, um dos agraciados, um momento particularmente rico e especial, porque marca esta solenidade a celebração maior da vida de um velho advogado.

Felicito os idealizadores pela iniciativa, que tem, antes de tudo, a finalidade de preservar e resgatar, para conhecimento da posteridade, a memória de um punhado de bravos, bastonários que ajudaram a erguer os pilares desta formidável instituição, merecedora da confiança e do respeito de todos, como intérprete maior dos sentimentos e aspirações da nacionalidade.
Todos eles têm uma linda história de vida. Com elas, eles escreveram as mais belas páginas da história da Ordem.
Vesti a beca ao longo de muitos anos e dela fiz paramento sagrado no exercício do sacerdócio do Direito.

Procurei honrá-la e serví-la sempre.

Vestido nela, fiz desta Casa o meu templo, o meu santuário, o meu altar.

Foi ela, a beca, a minha túnica e o meu manto na longa jornada de um jornaleiro destemido, na sua peregrinação em busca da realização dos seus sonhos e ideais.

São eles, ideais e sonhos, que nos movem e transformam o mundo e foram eles que fizeram de Jesus Cristo o maior peregrino da História, na pregação da Boa-Nova a todas as terras e a todos os povos, pela Revolução do Amor.

A escolha de meu nome, como um dos agraciados, é um gesto de generosidade e de grandeza com que mais uma vez me distingue a valorosa classe dos advogados, formada de profissionais altivos e independentes, magnânimos ao ponto de me ter conferido numa quadra ditosa de minha vida, a excelsa honra de ser o presidente de sua Ordem, e a quem reverencio, alma de joelho, na pessoa de seu eminente, operoso e dinâmico presidente, Dr. Henrique Tibúrcio, e de todos os membros de sua diretoria e Conselho, que têm merecidamente recebido a admiração, o respeito e os aplausos dos goianos, exemplos modelares de gestores arrojados, empreendedores, visionários.

Sob o seu comando, o Conselho, as Comissões e os departamentos que integram a sua administração, vêm dando uma contribuição inestimável, inigualável, no processo histórico de construção da cidadania, deflagrando e promovendo diversas campanhas e movimentos sociais em defesa das liberdades públicas, do fortalecimento das instituições democráticas e da redução das disparidades sociais, com amplo respaldo popular.

Os efeitos moralizantes, revolucionários estão à vista, citando-se, como exemplo, a Campanha da Ficha Limpa, alijando os maus políticos da vida pública, retirando-os da cena política, estendendo essa campanha de mãos limpas aos ocupantes de cargos públicos comissionados.

Tudo na vida passa e muda, como mudam as estações.

Sempre parti e segui em frente, sentindo que o tempo me levaria pelo caminho certo, aliviando minhas dores, tendo no coração as palavras de poeta: “Na vida há instantes em que tudo parece sem vida, sem cor, sem perfume, como o inverno que chega, congelando a brisa e derrubando as folhas.

Nesses momentos, não se deixe levar pelo desejo de desistir… resista um pouco mais. Resista, porque o último instante da madrugada é aquele que puxa a manhã pelo braço….

E essa manhã nascerá para você em breve, desde que você resista”.

Esta homenagem que hoje recebo, ao lado de notáveis e consagrados advogados e juristas, profissionais da mais elevada estatura moral e da melhor estirpe intelectual, exemplos e lições de vida, com os quais sempre aprendi e aos quais procurei altear-me para com eles ombrear, dá-me a certeza de que a jornada na perseguição da minha utopia não foi errante, pois vejo agora que a viagem empreendida nos campos da peregrinação, em que caminhei com mãos de semeador, germinou e deu frutos, pois é caminhando e semeando, semeando e caminhado, que no fim alguma coisa haverá para se colher.

Para se encontrar a utopia, a terra do nunca, basta acreditar e ter fé, cortar as amarras, enfumar-se as velas, lançar-se ao mar e partir com a nau para a odisseia, com firmeza nos olhos, certeza no coração e esperança no futuro.
Navegar é preciso. Aprendi que a fé enobrece a alma. Há que se conservá-la, sempre.
Este evento de condecoração marca um dos pontos altos na trajetória da minha viagem pelo tempo e recebo a medalha como troféu da minha vida profissional, nesta bancada que, para mim, neste momento, transforma-se no pódio da vitória.

Vou lembrar-me deste momento até o fim da minha vida.

Foi aqui que tudo começou.

Deus, foi há tanto tempo!

Faço uma saudação e um brinde de homenagem e reverência a todos os advogados agraciados, aos que serviram e aos que servem esta instituição, sempre na linha de combate, no campo de batalha, aos guerreiros caídos, abatidos pela morte, e aos que estão vivos, sentados aqui juntos comigo, ainda empunhando o cajado, calçados com as sandálias de profetas, a caminhar na amplidão das distâncias, rumo a desafiantes destinos.

Brindo ainda à Ordem dos Advogados pela sua atuação desassombrada, firme e corajosa, em posição de vanguarda no combate á paralisia da política brasileira, do imobilismo das reformas, à falta de transparência na condução dos atos e negócios públicos, onde os interesses substituem as ideologias, bancadas pelos donos do poder, ligados ao passado, ao atraso, à cultura patrimonialista arraigada no Estado, com a dissolução das fronteiras entre o público e o privado.

Há ganhos e avanços constantes no processo de construção da cidadania, projeto inacabado, mas já em andamento, sem retorno, que vem se aperfeiçoando ao longo do tempo.

O que a Ordem dos Advogados quer e espera de nós, advogados, é o engajamento corajoso nessa linha de frente.

Enfim, essa é uma jornada de fé, nessa caminhada de evangelização, a exigir que os advogados, alma em fogo, calçando as sandálias de pescadores de almas, vestindo a túnica e o manto dos antigos profetas, ouçam e atendam a voz profética, ressoando com estrondo no seu coração, a ordem:

– Vamos lançar as redes.

Ao agradecer a todos, sinto agora que metade de mim é amor. A outra metade, também.

Fonte: Assessoria de Comunicação Integrada da OAB-GO

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