O Editorial Conspiração continuísta foi publicado na edição desta sexta-feira, 9, do jornal O Popular:
Pode ser classificado como início de uma verdadeira conspiração documento preparado por um grupo de deputados federais do PT de São Paulo, defendendo poderes especiais para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como o de convocar plebiscitos sem autorização legislativa. O documento deve ser oficialmente divulgado no dia 7 de março, no 3º Congresso do PT.
Quem analisar com lucidez verá que um objetivo final se encaixa nesse projeto: plebiscitos abrindo o caminho para um terceiro mandato para Lula. Trata-se de proposta que colide com os princípios democráticos e se assemelha a uma convocação para aventuras totalitárias. Pela lei brasileira, a iniciativa para convocação de plebiscitos e referendos precisa ser submetida ao Congresso.
A justificativa de que o plebiscito é um instrumento legítimo de consulta utilizado nos Estados Unidos e na Europa distorce a realidade dos conceitos que movem esses outros países a adotar o recurso. Nos EUA, as questões que merecem consulta popular são, quase exclusivamente, aquelas de teor predominantemente local, considerando os aspectos das autonomias dos Estados e municípios americanos. Nos países europeus, a opinião popular é consultada via Parlamento, e não pelo presidente ou primeiro-ministro.
A sociedade brasileira espera que o próprio presidente da República se manifeste logo, condenando a iniciativa, sob pena de dar a impressão de que tem interesse no projeto desses aloprados, para usar uma expressão cunhada por ele próprio. Esse grupo de parlamentares parece também contaminado pelo mau exemplo que Hugo Chávez produz na Venezuela, conseguindo poderes tão anômalos que pode se tornar presidente vitalício, passando por cima da democracia, cerceando a liberdade de expressão e informação, provocando todas as dores que as ditaduras causam.
Entidades como a respeitada Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) já se manifestam em repúdio à proposta desse grupo de petistas. A OAB condena, com veemência, ações que visam à instauração de governos autoritários.
O Congresso Nacional está no prelúdio de uma legislatura muito importante, talvez a mais importante dos últimos tempos, e não pode ser contaminado por esse tipo de conspiração.
09/02 13h15
