Discurso de Miguel Cançado durante posse de José Lenar no TJ

22/02/2007 Antiga, Notícias

 


Discurso proferido por Miguel Ângelo Cançado, presidente da OAB-GO, na solenidade de posse do Desembargador José Lenar de Melo Bandeira na Presidência do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás – 22 de fevereiro de 2007.


 


Temos sido presenças constantes neste Plenário para atos importantes como o que hoje ocorre, nesta oportunidade para a posse do Desor. José Lenar de Melo Bandeira na Presidência da Corte.


Aqui desta tribuna devemos, as instituições que têm o importante e sagrado direito de aqui se manifestar, destacar nossas conquistas e, sobretudo, nossos projetos futuros, além, é claro, de termos a obrigação cívica de prestar contas dos nossos atos.


Nesse contexto, como têm sido freqüentes as sessões solenes, acabamos sendo repetitivos e, da minha parte, como Presidente da OAB-GO, peço desculpas às autoridades e aos demais presentes para dizer que devemos todos repetir, à exaustão, o nosso grande objetivo:  ver o cidadão brasileiro ter pleno acesso à jurisdição e que a entrega da prestação jurisdicional se faça pronta e eficaz.


Tenho certeza, Sr. Presidente José Lenar de Melo Bandeira, é exatamente este o seu sentimento também, assim como creio que Vossa Excelência ira desempenhar a grandiosa missão que seus pares acabaram de lhe conferir mirando sempre na necessidade de fazer com que o Poder Judiciário seja cada vez mais o porto seguro dos anseios dos cidadãos goianos.


Quanto da transmissão do cargo pelo Desor. Jamil Pereira de Macedo há poucos dias, tive a satisfação de ressaltar conquistas importantes para a advocacia que se concretizaram por meio de reivindicações, sendo essas resultantes do diálogo entre a entidade e o Tribunal de Justiça. Diálogo sempre respaldado no respeito de ambas as partes.


Neste momento, em nome de toda a categoria que aqui represento e, se me permitem, também em nome do próprio jurisdicionado goiano, reafirmo nossa convicção de que o empossando, dará continuidade não só aos projetos de modernização física do Judiciário, mas principalmente preservará a linha de constante sinergia estabelecida entre nós, já que os nossos objetivos, como já disse,  são comuns.


Magistrado hoje, o empossado veio à toga pela vaga destinada ao quinto constitucional, oriunda do ministério público. Por isso mesmo, importante ressaltar o quanto o legislador constituinte brasileiro foi sabido ao estipular o princípio da paridade na composição dos tribunais.


Advogados, magistrados e membros do ministério público, somos todos, sem hierarquia ou subordinação, partícipes da administração da justiça, o que, aliás, vai muito além da aplicações de regras processuais e da simples administração do expediente forense, pois, todos sabemos, fazer e distribuir justiça é algo muito mais amplo e fundamental para a cidadania.


É certo que a atuação dos magistrados oriundos da advocacia e do ministério público tem que ser complementar, enriquecendo a atividade jurisdicional por meio de visões de mundo diferentes, com vistas, no entanto, sempre para um objetivo comum: a justiça.


Além disso, o quinto constitucional reafirma a relevância do advogado para a sociedade, uma vez que é a única profissão liberal com referência expressa na Constituição Federal, como indispensável à administração de um dos poderes do Estado.


Portanto, a OAB Goiás conclama o presidente eleito do Tribunal de Justiça, o desembargador oriundo do quinto, José Lenar de Melo Bandeira, a não só dar continuidade à parceria estabelecida com a Ordem, bem como avançar na luta da entidade pelo respeito aos nossos direitos e prerrogativas profissionais, que são garantia para a cidadania.


 Não é sem razão que a OAB é chamada, freqüentemente, a opinar sobre assuntos relevantes para a sociedade. Para se ter uma idéia, o Conselho Federal da OAB formulou um conjunto de propostas para a necessária e urgente reforma política e entregou ao ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro.


Além disso, estarrecida com a onda de violência que assola este País, a entidade encaminhou aos presidentes da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia, e do Senado, Renan Calheiros, requerimento para realização de audiência pública para a discussão de medidas consensuais contra a violência no País.


A OAB tem o orgulho de dizer que tem se firmado, cada vez mais, como uma entidade corporativa e institucional cumpridora de seus deveres, atuante e cobradora. Cobrando, em especial dos seus inscritos, o respeito aos preceitos éticos no exercício da profissão.


A OAB é ciente de seu importante papel e conquistou a credibilidade que ora possui porque sempre se empenha em cumprir suas finalidades previstas no Estatuto da Advocacia e da OAB, que diz em seu artigo 44: “cabe à OAB defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado democrático de direito, os direitos humanos, a justiça social, e pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração da justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas”.


Por isso, todas as intervenções realizadas pela OAB em discussões e debates de interesse da advocacia e da sociedade são intervenções legítimas. E mesmo que, muitas vezes, a OAB tenha que enfrentar críticas contrárias, a entidade continuará sendo porta-voz daqueles que ela defende.


Assim vem fazendo nos últimos anos ao combater a comercialização do ensino jurídico no País. E, sendo o empossando um professor, na melhor acepção da palavra, o tema não é aqui inoportuno, até porque, a todos interessa. 


Ao contrário do que afirmam algumas críticas, a atuação da entidade por mais rigor na criação dos cursos de Direito e pela melhoria da qualidade do ensino jurídico é constitucional e a OAB continuará se posicionando a favor de uma seleção mais rígida do Ministério da Educação. A OAB manterá o posicionamento de que seu parecer é fundamental na análise para abertura de novos cursos de Direito.


E essa luta já está apresentando frutos. No início deste mês, o MEC baixou uma portaria determinando que o parecer favorável do Conselho Federal OAB será essencial para aprovação de pedidos de autorização de novos cursos de graduação em Direito. Se o parecer da OAB for contrário à autorização para o curso, ele será analisado, em grau de recurso, por uma Comissão Técnica de Acompanhamento e Avaliação do MEC.


Essa é mais uma vitória do empenho incansável da entidade pela melhoria da qualidade da prestação jurisdicional ao cidadão. É a luta da OAB em aperfeiçoar a formação profissional dos bacharéis em Direito que, futuramente, farão parte do Poder Judiciário, seja como advogados, magistrados, integrantes do Ministério Público ou nas demais carreiras.


A OAB conta com este Egrégio Tribunal para atingir tal objetivo, mantendo uma relação mútua de respeito e parceria, como já vem ocorrendo nos últimos anos.


E para finalizar minhas palavras, repito as necessidades mais urgentes da sociedade. Certamente, a morosidade do Poder Judiciário é um dos maiores entraves para plena entrega da prestação jurisdicional. Muito além das necessárias reformas da Constituição e das leis processuais, o que se faz urgente é a modernização eficiente, que consiga trazer agilidade para o funcionamento da máquina judiciária.


Meus cumprimentos, em nome dos advogados goianos, ao Desor. José Lenar de Melo Bandeira, que Vossa Excelência tenha muito êxito nesse grande missão e para tanto conte sempre a voz ativa e forte da OAB-GO, particularmente como cobradora e parceira ao mesmo tempo.


Um forte abraço a todos!


 


22/02 – 13h25


 

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